Piquinho, a chaminé do Vulcão adormecido em pleno Atlântico – Ilha do Pico.
Agora que o meu filho André entrou para a primária, voltei a ouvir falar de temas que já estavam mesmo muito longe da minha memória.
Num destes dias chegou a casa a falar das montanhas, vinha todo entusiasmado porque sabia qual era a mais alta de Portugal e a montanha mais alta do Mundo.
No meio do seu relato entusiasmado, algo me desviou o pensamento. Na verdade ele ainda não teve a oportunidade de experimentar subir ao Pico para ver o nascer e o por do sol naquele lugar tão mágico. Mas um dia levá-lo-ei até lá, isso é certo.
É uma sensação sem igual, poder assistir ao nascer e ao por do sol aqui, é de certeza um dos lugares mais bonitos Mundo para o ver.
Depois, a somar a este privilégio não posso esquecer como é especial acampar debaixo de uma imensidão de estrelas, e com alguma sorte até a via láctea nos faz companhia, parecendo uma verdadeira autoestrada de luzes por cima do oceano atlântico ou da ilha do Faial.
A subida ao Pico só por si é uma grande aventura, é desafiante e única.
Não é uma das montanhas mais altas do mundo, mas a sua subida é um momento épico que fica para sempre na memória.
Sinceramente por mais que tente explicar penso que não consigo, é algo que se sente. Talvez seja pela imensidão de um azul único que nos rodeia… porque aqui até o oceano parece ter outras cores, que mesmo em dias de mar revolto, transmitir calma e tranquilidade tal é a sua imensidão…
Talvez possa ser também por todas as outras ilhas à sua volta não terem a mesma altura e ao estares sempre a olhar para o Pico, parece-te que estás a olhar para o caminho que te levará ao “reino dos Deuses”. Nos dias em que o piquinho (ponto mais alto de Portugal , 2351 m) fica acima das nuvens, parece que passamos para outra dimensão.
A subida não é fácil, as características do terreno dificultam. Os aproximados 1150 metros de desnível que vão desde a casa de montanha até à cratera do Vulcão, são como gosto de dizer, “puxaditos”!!
È um percurso com, aproximadamente, 4km de distância e com desnível muito acentuado, e apesar do percurso estar bem marcado, sinceramente acho que não vale a pena arriscar, aconselho que vás com alguém que te guie e ajude na subida. O tempo altera rapidamente e as nuvens e o nevoeiro podem vir fazer das suas.
Aliás acredito que as grandes aventuras são aquelas em que os aventureiros ficam para contar.
À medida que vamos subindo é impressionante a beleza das crateras de pequenos vulcões, agora cobertos de vegetação.
À nossa frente lá está a ilha Dragão (Ilha de São Jorge), onde o dragão parece admirar de uma forma tranquila esta tua épica aventura.
Ao longo da subida é normal sentires a ansiedade aumentar, para poder confirmar a beleza de tamanha paisagem…
Contudo não te esqueças de fazer pausas para descansar e repor energias, a hidratação é muito importante.
No caso de ficares para pernoitar , tem muita atenção ao que levas na mochila, assim como ao peso pois não te esqueças que no dia a seguir desces e nada pode lá ficar.
Muito importante também nesta tua aventura é o calçado que vais levar e aconselho vivamente a utilização de bastões de caminhada. Vão ajudar-te no equilíbrio e suavizar o impacto nos joelhos.
Leva contigo um bom casaco, quando subires pode estar calor ou mesmo muito quente mas não te esqueças que à noite vai arrefecer.
O gorro e o frontal também vão ser boa companhia nesta tua aventura.
Quando finalmente chegas lá a cima, o cansaço desaparece e, de repente, toda a fadiga e as pontadas nas pernas dão lugar a um sorriso rasgado e olhos brilhantes como se fossemos uma criança quando abre um novo presente.
Se o céu estiver limpo, os tons alaranjados do pôr do sol, não deixam ninguém indiferente.
Caso do céu não esteja limpo, o tom azul do mar é substituído pelo branco das nuvens e quando assim é , parece que estamos a caminhar sobre um trilho em que o piso é feito de algodão doce, e dá vontade de mergulhar neste algodão imaginário.
Pernoitar na cratera deste vulcão é algo que vai ficar para sempre na tua memória.
Nem que seja porque o chão é tão duro que o corpo ainda acorda com mais dores! Mas como te disse, acredita que esta experiência vale cada minuto.
E porque a noite é sempre especial, lá de cima não te esqueças de contemplar a imensidão das estrelas mas também todas as luzinhas que se acendem nas ilhas em redor.
E se tiveres sorte a via láctea faz-te companhia, ali mesmo por cima da Ilha do Faial.
Depois chegará um novo dia.
A maioria dos grupos que sobe ao Pico opta por ver o nascer do sol, por isso a subida começa durante a madrugada, e é engraçado ver os grupos a subir, parecem verdadeiros pirilampos, e cujo efeito parece saído diretamente da Guerra das Estrelas.
Lá em cima, se quiseres tocar mesmo no topo da montanha e subir até ao piquinho terás que faze-lo quase em escalada. É impressionante o cheiro a enxofre e as rochas quentes que não nos deixam esquecer que estamos perante um vulcão adormecido…
Embora possam existir vários grupos na cratera do vulcão é indescritível o respeito de todos, e de cada um, pelo silêncio.
O sol nasce. Vais poder assistir a este espetáculo e avistar também a ilha da Graciosa, Terceira, Faial e São Jorge.
Nenhum português fica indiferente ao momento em que está no ponto mais alto de Portugal.
É tempo de começar a descer .
No Pico, todas as subidas, descidas e pernoitas têm o tempo controlado, por isso é tempo de seguir novamente até à casa de montanha.
Agora sim, vai doer. Rapidamente nos lembramos daquela expressão: Para onde vão? – Vamos para a festa!!! E depois, De onde vêm? – Vimos da festa…
Este regresso da festa é realmente muito cansativo, pois a descida é mesmo muito acentuada e o tipo de piso não facilita e nem dá para escolher um trilho mais acessível.
Por isso, com calma e muita atenção, fazendo pausas controladas, vai descendo.
Vão haver momentos em que vais avistar a casa de montanha mas parece que nunca mais lá chegas. Quando isso acontecer, aproveita e come aquele chocolate que levaste contigo, pega no telefone e olha para as fotografias que tirastes, descansa e depois segue novamente.
Quando chegares à casa da Montanha, o teu diploma estará à tua espera.
Espero que, nestas poucas linhas, te tenha encorajado a conhecer o ponto mais alto de Portugal
Se precisares de ajuda estamos por cá, ou se quiseres um dia ir connosco, fica o convite.
Não te esqueças que se ficas em casa só vês , e viver é sentir.
Até breve
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Miguel, qual a melhor altura para visitar/pernoitar lá em cima, na tua opinião?
Obrigada!
Mafalda, Bom dia, Tudo bem?
Eu quando organizo as viagens da Aventura X,normalmente organizo entre a segunda quinzena de Junho e a primeira de Julho.
E felizmente até hoje tem corrido bem.
Aposto nesta data, porque além da subida e pernoita, fazemos mais trilhos em São Jorge e outras atividades.
Assim o tempo nesta altura ajuda a realizar tudo, água nas cascatas, não está muito calor e pouca confusão de Turismo.
Sugiro que fiques mais dias na ilha do Pico, além da subida e pernoita, tem outros percursos a explorar.
Se precisares de ajuda, não hesites.
Beijinhos