As Nossas Viagens


Já o sol brilhava com intensidade no céu, banhando de luz as ruas de Lisboa, quando se reuniram os membros da Irmandade das Bolachas, assim chamada pelo facto dos seus integrantes, serem todos sem excepção, ávidos degustadores das mesmas.

Ali estava A.C., com os seus conhecimentos enciclopédicos, participante em incontáveis expedições, o contador de histórias, o ponto de equilíbrio num grupo de insanos saudáveis. Ali estava também a sua inseparável amiga P.A.S., a serenidade em pessoa, sempre pronta para uma nova aventura, não deixando que nada se interponha entre aquela amizade duradoura. Também aparece J.B., o poeta-guerreiro, à procura de mais um desafio, mais uma demanda na eterna luta entre o bem e o mal. Consigo vem D.C., de vontade imparável, uma força da natureza que ultrapassa todas as dificuldades e sempre com um sorriso nos lábios. J.R. também se apresenta, sonhadora, a querer mudar o mundo, perspicaz e de humor corrosivo, pronta a afastar qualquer obstáculo que se apresente entre ela e a entrada na carruagem do metro.

Este que aqui escreve também faz parte do grupo, o cronista da viagem e candidato a bobo da corte. Ahhh, o Miguel também foi. Era preciso alguém para conduzir a Amélia e proporcionar a animação musical. Pena foi que as suas escolhas passassem maioritariamente por Demis Roussos e temas da Disney.

Com todos reunidos, deu-se início à viagem para terras longínquas. Vá, pronto, não eram assim tão longínquas mas fica bem iniciar assim uma crónica de viagem. Logo aí A.C. entrou em acção, indicando um atalho para evitar as centenas de outros carros que nos queriam atrasar o percurso. Já em alto mar de alcatrão, se chegou à conclusão que uma paragem intermédia para degustação de bolachas teria que ocorrer ou a irmandade correria o risco de ter que alterar o nome para Irmandade das Barrigas Roncantes. Depois da merecida paragem mais uns quantos kms se seguiram, até chegarmos a Caminha. Ao contrário do que o nome da localidade faria supor, não era ainda momento para descansar, várias provações teriam ainda os companheiros de superar.

A primeira dessas provações seria o almoço. Sempre na vertente AventuraX, decidimo-nos pela esplanada com o empregado que foi rejeitado dos musicais do La Féria por ter demasiado entusiasmo. Embora demorado na resposta aos pedidos, foi sempre capaz de entreter e simultaneamente assustar, combinação nada fácil de encontrar.

Já saciados, fisicamente e espiritualmente, seguimos para Vilar de Mouros, onde inexplicavelmente não ouvimos nem uma só banda dos anos 80 a actuar. Tivemos azar, devemos ter apanhado um daqueles anos de pousio para a vegetação da terra recuperar do festival. Dado que estávamos ali, decidimos fazer uma descida do rio Coura em kayak, experiência bastante agradável, até pelo facto do Miguel ter sido o único que foi à água. Parabéns Miguel. Já agora, se alguma vez o ouvirem dizer que este vosso escriba teve alguma coisa a ver com esse mergulho, não acreditem nele, já sabem como ele tem uma mente fantasiosa.

No segundo dia fomos até Espanha, Vigo mais precisamente. Quis comprar caramelos, mas disseram-me que estava no sítio errado. O Miguel então disse-nos para irmos dar mais uma volta de barco, o que achei corajoso, dado o historial dele em meios aquáticos. A viagem levou-nos às ilhas Cíes, uma espécie de Caraíbas mais perto da Europa e com uma temperatura da água ligeiramente inferior, tipo 20 graus centigrados a menos. Fora esse pequeno pormenor, as Cíes são lindíssimas, praias de areia clara com águas cristalinas e tons entre o azul e o verde na costa fluvial, pinheiros e eucaliptos por toda a ilha e arribas e escarpas imponentes na costa atlântica. Os percursos de caminhada são muito acessíveis, até lá vimos algumas pessoas de saltos altos, embora seja coisa que não aconselho. O turista, já se sabe, é um bicho danado e que gosta de fazer figuras tristes. Certamente voltarei outra vez às Cíes.

O terceiro dia foi o mais intenso, a percorrer uma etapa do caminho português de Santiago, entre Ponte de Lima e Rubiães, percorrendo a serra da Labruja. Gostaria de vos dizer que é um caminho suave, em terreno regular, semelhante a pisar algodão doce, mas a minha mãe ensinou-me que é feio mentir. Mesmo assim, tem vários pontos altos, nomeadamente todos os que envolvem paragens e especialmente o da roulote com sandes de presunto e bebidas. Disseram-me que um dia devia fazer o caminho de Santiago completo. Como estava algo cansado, não consegui insultar a pessoa convenientemente. Na realidade, no final há um misto de emoções que se nos toma, algum cansaço sim, mas também o sentir que cumprimos um objectivo, que testámos os nossos limites. Foi também interessante de ver a quantidade de estrangeiros que percorrem o caminho português, talvez a valorizarem-no mais do que nós próprios.

Sempre achei que uma parte fundamental das viagens são as pessoas com quem se partilha e que se conhecem na viagem. Este foi um dos casos em que os sítios ficarão tanto na memória como as pessoas.

Obrigado aos companheiros da irmandade e em especial ao Miguel e à Amélia.

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